terça-feira, 21 de abril de 2009

Pro dia nasce feliz



Sinopse
As adversas situações que o adolescente brasileiro enfrenta dentro da escola. Meninos e meninos, ricos e pobres em situações que revelam precariedade, preconceito, violência e esperança. Em três estados brasileiros, em classes sociais distintas, adolescentes falam da vida na escola, seus projetos e inquietações numa fase crucial de sua formação. Professores também expõem seu cotidiano profissional, ajudando a pintar um quadro complexo das desigualdades e da violência no país a partir da realidade escolar. Prêmio especial do júri no Festival de Gramado 2006.

Informações Técnicas
Título no Brasil: Pro Dia Nascer Feliz
Título Original: Pro Dia Nascer Feliz
País de Origem: Brasil
Gênero: Documentário
Tempo de Duração: 88 minutos
Ano de Lançamento: 2006
Estréia no Brasil: 02/02/2007
Site Oficial: http://www.copacabanafilmes.com.br/prodianascerfeliz/
Estúdio/Distrib.:Copacabana Filmes
Direção: João Jardim

Trailer:

Prô dia nascer feliz - Susana de Castro


Finalmente a crise da educação brasileira saiu do nicho jornalístico e ganhou a tela dos cinemas. O docuentário de João Jardim, "Pro dia nascer feliz – um filme sobre meninos e meninas que vivem a pressa de saber quem são" (2006) -- mostra ao telespectador que o universo escolar tem o mesmo apelo dramático do que, por exemplo, um dos outros temas preferidos dos docuentaristas brasileiros, a favela. O filme almeja fazer uma radiografia do ensino médio brasileiro. Quatro escolas de espaços geográficos distantes uma das outras são focadas no filme: uma escola pública de Manari, no sertão Pernambucano, cidade com menor IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) do país; uma escola publica de Duque de Caxias, cidade da Baixada Fluminense, no Rio de Janeiro; um escola pública de uma cidade na periferia de São Paulo; e, por fim, uma escola particular de uma bairro classe média alta da cidade de São Paulo. O diretor escolheu retratar a situação do ensino médio no Brasil a partir do relato de alguns jovens dessas escolas. A sensação que o telespectador fica depois de ouvir esses relatos é a de que estamos em um beco sem saída. Se a função do ensino médio é a de preparar esses jovens, de idade média entre 14 e 17 anos, para ingressar em uma universidade pública ou conseguir um emprego bem remunerado, então podemos declarar de uma vez por todas que isso não passa de uma ilusão. De nada adianta propagar pelos quatro ventos que 97% das crianças em idade escolar freqüentam as escolas no Brasil, se não estamos atentos para a qualidade do ensino dado. Escolas destruídas, professores sem capacitação, alunos desmotivados essa é a situação real do ensino brasileiro. As estáticas, como a acima, só podem indicar que o governo brasileiro resolveu nivelar por baixo, aceitando qualquer situação em que haja alunos sentados e professores na frente como um situação ideal.
A jovem Valéria, aluna da escola pública em Manari, viaja todos o dias à noite para a cidade vizinha, pois em sua cidade não há uma escola que tenha ensino médio. Sensível, leitora de Vinícius e Drummond, demonstra enorme talento poético ao declamar suas poesias para a câmera. As chances de desenvolver seu talento são mínimas dadas as condições precárias do seu ensino. Em outra situação, ela certamente seria uma candidata a ingressar no ensino universitário. Em depoimento ao diretor do filme, uma das professoras desses alunos afirma que eles chegam desmotivados para estudar e que entre as meninas a única razão de vir a escola é a oportunidade de paquerar.Em uma escola pública de Duque de Caxias, Edenilson relata com orgulho seus problemas indisciplinares na escola para deleite dos colegas que o escutam. Em seguida, o diretor filma a reunião do conselho em que o destino desse garoto é discutido. Várias professoras afirmam que ele não passou na sua matéria, entretanto, com o argumento de que a repetição pode prejudicar mais ainda o desempenho dele, é acordado que ele passará de ano. O único ambiente em que o jovem parece integrado e feliz é na atividade extra classe de música afro. Independente do valor cultural que essa atividade certamente tem, fica-nos a sensação de que a esses jovens a única porta de entrada na sociedade é através das atividades lúdicas, como a música.
Quando o filme retrata a escola da periferia de São Paulo, o depoimento mais dramático é a da jovem professora de história, Clara. Vê-se, pela filmagem de sua aula, que ela é uma professora engajada em problematizar o conteúdo da matéria, em trazer ela para o cotidiano dos jovens. Além da aula, organiza na biblioteca da escola um fanzine com as poesias dos jovens e está sempre disposta a ouvir as suas discussões e perguntas sobre temas de seu interesse. Uma das que participam do encontro relata que antes de participar do fanzine só queria saber de dormir depois de chegar da escola. Ao descobrir a poesia, descobriu que podia canalizar sua tristeza para a literatura. Um ano depois, o diretor colhe o depoimento dessa aluna que já havia terminado a escola e trabalhava dobrando calças numa fábrica. Ela já não tinha mais o ambiente que lhe propiciava o estimulo para escrever e não escrevia mais poesias. Vê-se que um simples alento cultural pode ser muito para essa geração perdida. O diretor colhe também o depoimento da jovem professora de história em sua casa, em que justifica por que falta muito ao trabalho. Antes, a diretora da escola havia dito que precisa de um contingente extra de professores para cobrir a ausência dos professores e mesmo assim muitos dias os alunos voltam para casa sem terem tido uma aula sequer. Clara justifica suas faltas dizendo que muitas vezes não possui condições psicológicas de dar aula porque absorve muito dos problemas do alunos. Ela mesmo é obrigada a fazer uma vez por semana terapia.
A única escola em que ficamos com a sensação de que aí o ensino realmente funciona, como não poderia deixar de ser, é na escola particular de São Paulo. Aqui, vemos alunos realmente preocupados com o ensino, vemos as boas instalações do colégio. Dada a situação confortável em que vivem, esses jovens têm condições de não só dedicarem-se com afinco aos estudos e com isso ingressarem nas melhores universidades e nos cursos mais difíceis, quanto de possuir também preocupação social e existencial. Não são seres bitolados e alienados como acreditamos normalmente que seriam dada a classe social a que pertencem. Entres esses jovens há a consciência de que vivem numa bolha, apartados da realidade social do país, e muitos demonstram a preocupação em mudar essa situação. Além disso, as angústias existenciais que possuem, mostram o quanto a maturidade intelectual leva à maturidade emocional; em alguns depoimentos, os alunos falam da preocupação em saber quem são, a preocupação com a morte e a religião. Se todos os nossos alunos do ensino médio fossem como esses, certamente os altos índices de desemprego e violência entre os jovens diminuiriam. Essa me parece ser a mensagem do filme.
No final do docuentário, a câmera vai do alto passeando pelos condomínios de alto luxo da cidade de São Paulo, enquanto em off uma jovem relata como esfaqueou e matou sua colega de escola e, sob os risos dos outros colegas, justifica, sem remorso, o seu ato dizendo que a vitima mereceu e já que todo mundo morre mesmo, só havia antecipado o inevitável. Não teme a punição, pois sabe que como menor não ficará mais de três anos na prisão. Os outros colegas afirmam que roubam e assaltam depois da escola, pois afinal de contas todos no país roubam, inclusive os ricos.
É essa a lição que ensinamos para nossos jovens, que todos são ladrão no país e que quem é menor e mata não vai preso por muito tempo? Isso nos leva a pensar nos jovens que mataram a criança de seis anos no Rio de janeiro de forma brutal, arrastando o seu corpo pelas ruas da cidade. Será que no cálculo deles também estava essa fórmula, 'sou menor de idade e por isso não vou ficar muito tempo na prisão'? Tudo indica que pensem que assim como podem morrer a qualquer hora, também podem matar a qualquer hora; não têm nada a perder. A vida para esses jovens é a vida de cada dia, não há perspectiva de uma vida melhor.

Susana de Castro, filósofa, professora da UFRJ.Vice coordenadora do GT-Pragmatismo e Filosofia Americana da ANPOF

Atividade utilizada em sociologia da educação


Para Émile Durkheim a educação teria como objetivo a socialização, diz ele que “a educação tem por objetivo suscitar e desenvolver na criança estados físicos e morais que são requeridos pela sociedade política no seu conjunto”. O processo educacional consistiria na “assimilação pelo indivíduo de uma série de normas e princípios – sejam morais, religiosos, éticos ou de comportamento – que baliza a conduta do indivíduo num grupo. O homem, mais do que formador da sociedade, é um produto dela”. Levando em conta a narrativa desenvolvida no filme Pequenas Flores Vermelhas e a sociologia de Durkheim :

1) Que tipo de cidadão a educação descrita no filme pretendia desenvolver?

2) A educação básica precisa ser conservadora?

3) Relacione o conceito de anomia e o comportamento do jovem Qiangqiang Fang. Por que Fang não conseguiu se “encaixar” nos modelos da escola?

4) O tipo de educação proposto ali daria certo em nossa sociedade? Por que?

O âmbito da sociologia - Anthony Giddens



Já se apaixonou alguma vez? É praticamente certo que sim. A maioria das pessoas sabe desde a adolescência o que é estar apaixonado e, para muitos de nós, o amor e os romances aportam alguns dos mais intensos sentimentos de nossa vida. Por que as pessoas se apaixonam? A resposta, a primera vista, parece obvia. O amor expressa uma atração física e pessoal que dois indivíduos sentem um pelo outro. Hoje em dia, podemos ser céticos diante da idéia de que o amor "é para sempre", porém nos habituamos a pensar que apaixonar-se é uma experiência que tem origem em sentimentos humanos universais. Parece completamente natural que um casal que se apaixona queira realizar-se pessoal e sexualmente através de sua relação, e, quem sabe, mediante o matrimonio.
Contudo, esta situação, que hoje nos parece evidente é, de fato, bastante fora do comum. Apaixonar-se não é uma experiência que a maioria das pessoas no mundo tenha, e, se a tem, não conduz ao vinculo do matrimonio. A idéia do amor romântico não se propagou no Ocidente até uma época bastante recente e nem ao menos existiu na maioria das outras culturas.
Somente nos tempos modernos se passou a considerar que o amor e a sexualidade estariam intimamente ligados. John Boswell, historiador da Idade Média européia, destacou até que ponto nossa idéia contemporânea do amor romântico é não usual. Na Europa medieval quase ninguém se casava por amor. De fato, existia então o seguinte dito: "Amar a própria esposa com paixão é adultério". Naqueles dias e durante séculos os homens e as mulheres se casavam principalmente para manter a propriedade dos bens familiares ou para criar filhos que trabalhariam em suas fazendas. Uma vez casados, podiam chega a ser bons amigos, no entanto, isto ocorria depois das bodas e não antes. Às vezes as pessoas tinham outros relacionamentos sexuais à margem do matrimonio, porém, estas apenas inspiravam as emoções que agora relacionamos com o amor. O amor romântico se considerava, no melhor dos casos, uma debilidade e, no pior, uma espécie de enfermidade.
Hoje em dia nossa atitude é quase contrária. Com razão fala Boswell que "praticamente [existe] uma obsessão na moderna cultura industrial" com o amor romântico: os que estão imersos neste "mar de amor" se habituam a tomá-lo como fato [...] Em muito poucas culturas pré-modernas ou contemporâneas não industrializadas se aceitaria esta idéia que não suscita polêmica no Ocidente - de que "o objetivo de um homem é amar uma mulher e o de uma mulher a um homem". Para a maioria das pessoas de todas as épocas e lugares esta valorização do ser humano pareceria bastante pobre. (Boswell, 1995, p. xix.)
Assim, não se pode considerar o amor romântico como parte intrínseca da vida humana senão que, na realidade, esta concepção é fruto de uma grande diversidade de influências sociais e históricas, que são o objeto de estudo dos sociólogos.
A maioria de nós vê o mundo segundo as características que tem a ver com nossa própria vida. A sociologia demonstra que é necessário utilizar um ponto de vista mais amplo para saber por que somos como somos e porque agimos da forma que fazemos. Ensina-nos que o que consideramos natural, inevitável, bom ou verdadeiro, pode não ser assim e que as "coisas dadas" de nossa vida são influenciadas por forças históricas e sociais. Para o enfoque sociológico é fundamental compreender de que forma sutil, ainda que complexa e profunda, a vida individual reflete as experiências sociais.
O desenvolvimento de um ponto de vista sociológico
Aprender a pensar sociologicamente -em outras palavras, usar um enfoque mais amplo- significa cultivar a imaginação. Como sociólogos, temos que imaginar, por exemplo, como experimentam o sexo e o matrimonio aquelas pessoas -a maioria da humanidade até pouco tempo- para quem o amor romântico lhes é alheio, e, inclusive lhes parece absurdo. Estudar sociologia não pode ser um processo rotineiro de aquisição de conhecimento. Um sociólogo é alguém capaz de liberar-se de suas circunstâncias pessoais imediatas, para por as coisas em um contexto mais amplo. O trabalho sociológico depende de algo que o autor americano Wright Mills, em uma célebre expressão, denominou de imaginação sociológica (Mills, 1970).
A imaginação sociológica nos pede, sobretudo, que sejamos capazes de pensar nos distanciando das rotinas familiares de nossas vidas cotidianas, para poder vê-las como se fossem algo novo. Consideremos o simples ato de beber café. Que poderíamos dizer, de um ponto de vista sociológico, deste comportamento, que parece ter tão pouco interesse? Muitas coisas. Em primeiro lugar, poderíamos assinalar que o café não é só uma bebida, já que tem um valor simbólico como parte de rituais sociais cotidianos. Com freqüência, o ritual que vem junto do ato de beber café é muito mais importante que o ato em si. Duas pessoas que ficam juntas para tomar café provavelmente têm mais interesse em encontra-se e conversar do que no que vão beber. A bebida e a comida dão lugar em todas as sociedades para oportunidades de interação social e execução de rituais, e estes constituem um interessantíssimo objeto de estudo sociológico.
Em segundo lugar, o café é uma droga que contém cafeína, que tem um efeito estimulante no cérebro. A maioria das pessoas na cultura ocidental não considera que os adeptos do café consumam droga. Como o álcool, o café é uma droga aceita socialmente, enquanto que a maconha, por exemplo, não é. No entanto, existem culturas que toleram o consumo de maconha, e inclusive o de cocaína, porém franze o semblante ante o café e o álcool. Para os sociólogos interessa saber por que existem esses contrastes.
Em terceiro lugar, um individuo, ao beber uma xícara de café, toma parte em uma série extremamente complicada de relações sociais e econômicas que se estendem por todo o mundo. Os processos de produção, transporte e distribuição desta substância requerem transações contínuas entre pessoas que se encontram a milhares de quilômetros de quem o consome. O estudo destas transações globais constitui uma tarefa importante para a sociologia, já que muitos aspectos de nossas vidas atuais se vêem afetados por comunicações e influências sociais que tem lugar em escala mundial.
Finalmente, o ato de beber uma xícara de café supõe que anteriormente se tenha produzido um processo de desenvolvimento social e econômico. Junto com outros muitos componentes da dieta ocidentais agora habituais -como o chá verde, as bananeiras, as batatas e o açúcar branco- e o consumo de café começou a estender-se no final do século XIX, e, apesar de ter se originado no Oriente Médio, a demanda maciça deste produto data do período da expansão colonial ocidental de mais de um século e meio atrás. Na atualidade, quase todo o café que se bebe nos países ocidentais provém de áreas (América do Sul e África) que foram colonizadas pelos europeus, de tal forma que, de maneira nenhuma é um componente “natural” da dieta ocidental.

Sociologia do café (quatro pontos que se destacam na sociologia do café)
1. Valor simbólico: para muitos ocidentais a xícara de café pela manhã é um ritual pessoal, que se repete com outras pessoas ao longo do dia.
2. Utilização como droga: Muitos bebem café para lhes dar um "empurrão adicional". Algumas culturas proíbem seu uso.
3. Relações sociais e econômicas: o cultivo, empacotamento, distribuição e comercialização do café são atividades de caráter global que afetam diversas culturas, grupos sociais e organizações dentro das mesmas culturas, assim como a milhares de indivíduos. Grande parte do café que se consume na Europa e nos Estados Unidos é importada da América do Sul.
4. Desenvolvimento social e econômico anterior: As "relações em torno do café" atuais nem sempre existiram. Desenvolveram-se gradualmente e poderão desaparecer no futuro

Pequenas Flores Vermelhas

Pequim, 1949. Com apenas quatro anos, o pequeno Qiang é matriculado pelos seus ausentes pais num colégio interno, onde todos os seus passos são controlados. Mas Qiang é uma criança rebelde e não consegue seguir as regras: ele ainda precisa de ajuda para se vestir e faz xixi na cama.A sua desobediência impede que ele ganhe as desejadas flores vermelhas, dadas apenas aos alunos mais bem-comportados, e acaba atraindo a antipatia da professora Sra. Li. Mas, aos poucos, ele consegue que outras crianças se juntem à sua rebelião particular ao convencê-las de que a professora é, na verdade, um monstro que come crianças.
Este filme participou na competição oficial dos festivais de Berlim e Sundance de 2006.